28 de novembro de 2014

Onde deixar o bebé - Creche ou avós?

As dúvidas começam a surgir quanto a uma série de questões, esta é uma delas... Onde deixar o bebé depois de terminar a licença de maternidade? Na creche? Com os avós?

Compreendo a importância da socialização, no entanto esta não me parece relevante nos primeiros dois anos de vida... O importante é estimulá-los, tanto ou mais do que seriam na creche.
Deixo aqui um artigo da revista Pais & Filhos que parece corroborar a minha ideia!


"Basta investir em tempo e muita brincadeira. “A disponibilidade e a interação afetuosa dos pais e cuidadores, bem como os seus estímulos positivos, são essenciais para promover as competências da criança. É através destes estímulos e jogos, que devem acontecer de forma natural, que o desenvolvimento prossegue.”

Em casa, é importante investir na interação com o bebé desde cedo: “O cuidador deve ter a preocupação de conversar com o bebé, incentivá-lo a mexer-se (por exemplo colocando-o numa manta no chão), evitar que esteja sempre sentando numa cadeirinha e jamais em frente à televisão”, aconselha Cecília Galvão. Fátima Bessa lembra que a interação é a “forma mais perfeita de comunicar e brincar” e começa desde os primeiros instantes de vida: “A face da mãe exerce um fascínio especial no bebé, que fixa interessadamente os olhos, o pestanejar e os movimentos dos lábios da mãe e é até capaz de imitar as suas caretas.”

Nos primeiros meses de vida, deve também haver a preocupação de não estimular excessivamente o bebé. Bastam simples brinquedos, como o mobile, a caixa de música ou a roca para que ele vá descobrindo o próprio corpo e o que o rodeia. À medida que os seus movimentos começam a ser mais amplos e controlados, o chão passa a ser “um ótimo sítio para a criança estar: colocada sobre uma manta terá uma maior liberdade de movimentos, poderá explorar e descobrir”.
Nesta fase, sublinha a pediatra, é importante dar-lhe alguns brinquedos, “variados, mas não muitos ao mesmo tempo”, para que possa explorá-los, “levando-os à boca”. A partir do momento em que consegue sentar-se, a sua “relação com os brinquedos e com o mundo que a rodeia muda” e passa a estar “cada vez mais interessada em tudo à sua volta, não só o que está ao seu alcance, como também pelos brinquedos colocados longe, que lhe servem de estímulo para gatinhar”. Por volta dos nove/dez meses, chega a fase das “gracinhas” (bater palminhas, fazer adeus…), que devem ser incentivadas pelo cuidador, já que são importantes para o seu desenvolvimento. O mesmo acontece com jogos como o “cucu”: “A criança diverte-se e percebe que o adulto volta a aparecer”, o que facilita a separação e promove “a aquisição de novas habilidades”.

Cecília Galvão lembra que, em casa, a criança “deve ter espaço para se deslocar sem riscos e que é preciso criar rotinas de sono (as crianças precisam de dormir para se desenvolverem de forma saudável), e permitir que a criança adquira prazer na alimentação, experimentando novos sabores a pouco e pouco e deixando-a manipular a comida”. São estes “pormenores” que promovem o saudável desenvolvimento do bebé, sempre com base na interação com o cuidador.

E nem é preciso gastar dinheiro em brinquedos muito sofisticados: “Basta um tupperware, uma colher de pau e meia dúzia de massas para termos uma criança muito contente e entretida…”. Por outro lado, acrescenta a psicóloga do Hospital Dona Estefânia, é importante dar-lhe a oportunidade de experimentar, para que possa aumentar o conhecimento sobre si própria e sobre o mundo que a rodeia: “Dar-lhe tintas para pintar com as mãos, lápis de cera grossos, papel grande, etc.”. E ler-lhe muitas histórias, que a vão ajudar “na aquisição da linguagem e, mais tarde, na compreensão da escrita”. A música também tem uma função primordial no desenvolvimento de competências e “não é preciso ser só música para bebés”, lembra Cecília Galvão.

Por tudo isto, sublinha a pediatra Fátima Bessa, a brincadeira e os jogos não podem ser encarados como forma de passar o tempo, mas sim com algo muito sério que permite à criança um bom crescimento físico, intelectual, emocional e social. “Brincar tem a dupla função de, por um lado, criar excelentes oportunidades de estimular o raciocínio e, por outro lado, disponibilizar as regras necessárias à convivência e vida em sociedade”. E remata: “Ninguém conhece verdadeiramente uma criança se não conhecer e perceber a maneira com ela brinca.”

in http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/7499