Compreendo a importância da socialização, no entanto esta não me parece relevante nos primeiros dois anos de vida... O importante é estimulá-los, tanto ou mais do que seriam na creche.
Deixo aqui um artigo da revista Pais & Filhos que parece corroborar a minha ideia!
"Basta investir em tempo e muita brincadeira. “A disponibilidade e a interação afetuosa dos pais e cuidadores, bem como os seus estímulos positivos, são essenciais para promover as competências da criança. É através destes estímulos e jogos, que devem acontecer de forma natural, que o desenvolvimento prossegue.”
Em casa, é importante investir na interação com o bebé
desde cedo: “O cuidador deve ter a preocupação de conversar com o bebé,
incentivá-lo a mexer-se (por exemplo colocando-o numa manta no chão),
evitar que esteja sempre sentando numa cadeirinha e jamais em frente à
televisão”, aconselha Cecília Galvão. Fátima Bessa lembra que a
interação é a “forma mais perfeita de comunicar e brincar” e começa
desde os primeiros instantes de vida: “A face da mãe exerce um fascínio
especial no bebé, que fixa interessadamente os olhos, o pestanejar e os
movimentos dos lábios da mãe e é até capaz de imitar as suas caretas.”
Nos primeiros meses de vida, deve também
haver a preocupação de não estimular excessivamente o bebé. Bastam
simples brinquedos, como o mobile, a caixa de música ou a roca para que
ele vá descobrindo o próprio corpo e o que o rodeia. À medida que os
seus movimentos começam a ser mais amplos e controlados, o chão passa a
ser “um ótimo sítio para a criança estar: colocada sobre uma manta terá
uma maior liberdade de movimentos, poderá explorar e descobrir”.
Nesta fase, sublinha a pediatra, é
importante dar-lhe alguns brinquedos, “variados, mas não muitos ao mesmo
tempo”, para que possa explorá-los, “levando-os à boca”. A partir do
momento em que consegue sentar-se, a sua “relação com os brinquedos e
com o mundo que a rodeia muda” e passa a estar “cada vez mais
interessada em tudo à sua volta, não só o que está ao seu alcance, como
também pelos brinquedos colocados longe, que lhe servem de estímulo para
gatinhar”. Por volta dos nove/dez meses, chega a fase das “gracinhas”
(bater palminhas, fazer adeus…), que devem ser incentivadas pelo
cuidador, já que são importantes para o seu desenvolvimento. O mesmo
acontece com jogos como o “cucu”: “A criança diverte-se e percebe que o
adulto volta a aparecer”, o que facilita a separação e promove “a
aquisição de novas habilidades”.
Cecília Galvão lembra que, em casa, a
criança “deve ter espaço para se deslocar sem riscos e que é preciso
criar rotinas de sono (as crianças precisam de dormir para se
desenvolverem de forma saudável), e permitir que a criança adquira
prazer na alimentação, experimentando novos sabores a pouco e pouco e
deixando-a manipular a comida”. São estes “pormenores” que promovem o
saudável desenvolvimento do bebé, sempre com base na interação com o
cuidador.
E nem é preciso gastar dinheiro em
brinquedos muito sofisticados: “Basta um tupperware, uma colher de pau e
meia dúzia de massas para termos uma criança muito contente e
entretida…”. Por outro lado, acrescenta a psicóloga do Hospital Dona
Estefânia, é importante dar-lhe a oportunidade de experimentar, para que
possa aumentar o conhecimento sobre si própria e sobre o mundo que a
rodeia: “Dar-lhe tintas para pintar com as mãos, lápis de cera grossos,
papel grande, etc.”. E ler-lhe muitas histórias, que a vão ajudar “na
aquisição da linguagem e, mais tarde, na compreensão da escrita”. A
música também tem uma função primordial no desenvolvimento de
competências e “não é preciso ser só música para bebés”, lembra Cecília
Galvão.
Por tudo isto, sublinha a pediatra Fátima
Bessa, a brincadeira e os jogos não podem ser encarados como forma de
passar o tempo, mas sim com algo muito sério que permite à criança um
bom crescimento físico, intelectual, emocional e social. “Brincar tem a
dupla função de, por um lado, criar excelentes oportunidades de
estimular o raciocínio e, por outro lado, disponibilizar as regras
necessárias à convivência e vida em sociedade”. E remata: “Ninguém
conhece verdadeiramente uma criança se não conhecer e perceber a maneira
com ela brinca.”
in http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/7499